Hapvida (HAPV3) Despenca Quase 40% com Resultados do 3T25

Hapvida (HAPV3) Despenca

A Hapvida (HAPV3) despenca com uma queda dramática de aproximadamente 40% no pregão de 13 de novembro de 2025, em reação aos resultados divulgados no terceiro trimestre (3T25).

Essa forte desvalorização evidencia uma revisão das expectativas do mercado sobre a operadora de saúde, que agora enfrenta tanto desafios operacionais imediatos quanto riscos estruturais mais profundos.

Hapvida (HAPV3) Despenca com Desempenho Financeiro no 3T25: Números que Preocupam

No 3T25, a Hapvida reportou uma receita líquida de R$ 7,8 bilhões, o que representa crescimento de 6,0% em base anual.

Porém, esse avanço de receita não se traduziu em poder de geração de caixa ou margens mais saudáveis.

O Ebitda ajustado caiu para R$ 746,4 milhões, uma retração de 17,6% em relação ao mesmo trimestre de 2024 e de 2,1% na comparação anual, segundo o BB Investimentos.

Já a margem Ebitda ajustada ficou em 9,6%, retraindo 0,8 ponto percentual no ano.

Em paralelo, o lucro líquido ajustado atingiu R$ 338 milhões, alta de 12,7% ano a ano, segundo a Infomoney.

No entanto, essa aparente melhora no lucro foi ofuscada por pressões operacionais e pelo aumento de provisões.

Um dos indicadores mais alarmantes foi a sinistralidade caixa, que atingiu 75,2%, alta de 1,3 ponto percentual sobre o 2T25.

Esse patamar elevado reflete maior utilização dos serviços médicos, expansão da rede própria da empresa e efeitos sazonais (como alta de viroses no Norte/Nordeste e inverno mais rigoroso no Sul/Sudeste).

Além disso, a Hapvida encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 4,25 bilhões, mantendo uma alavancagem de 1x Ebitda.

Estratégia de Capital e Recompra de Ações

Em meio à turbulência, a empresa aprovou um programa de recompra de até 70 milhões de ações, numa tentativa de sinalizar confiança aos acionistas e apoiar o preço das ações.

Essa decisão ocorre justamente após a forte queda dos papéis, que atingiram mínimas históricas.

No plano de investimentos, a Hapvida continua apostando na verticalização: grande parte do capital está sendo direcionado para expansão de sua rede própria (hospitais, unidades ambulatoriais), com a expectativa de que a maturação dessas estruturas gere ganhos de eficiência no longo prazo.

Ao mesmo tempo, a companhia afirma manter disciplina de capital, com CapEx calibrado para aumentar a densidade das unidades próprias sem comprometer o caixa.

Riscos Estruturais e Desafios para a Recuperação

A forte reação negativa do mercado reflete não apenas decepções pontuais, mas preocupações mais profundas:

  1. Pressão de sinistralidade: A elevada sinistralidade diminui a margem operacional, e se mantida pode comprometer a sustentabilidade financeira da empresa.
  2. Rampa de maturação da rede própria: Novos hospitais e unidades demandam tempo para alcançar ocupação ideal. Até lá, geram custo fixo relevante.
  3. Crescimento orgânico limitado: A adição líquida de beneficiários ficou abaixo do esperado, segundo analistas, em parte por competição em regiões estratégicas.
  4. Custo de capital e dívida: Ainda que a alavancagem esteja em 1x EBITDA, a dívida da empresa não é trivial, e o custo de refinanciamento ou novas emissões deve ser acompanhado de perto.
  5. Incerteza macro e regulatória: Setor de saúde suplementar está sujeito a riscos regulatórios (ANS, ressarcimento ao SUS) e à dinâmica econômica, que pode impactar a adesão de usuários a planos privados.

Opinião do Mercado: Recomendação dos Analistas

Diversos analistas revisaram suas projeções para a Hapvida após os resultados do 3T25:

  • O BB Investimentos classificou o trimestre como “negativo”, destacando a desaceleração no crescimento da base de clientes e a elevação da sinistralidade.
  • O BTG Pactual, apesar de modelar cenários desafiadores, ainda mantém uma visão de longo prazo mais otimista, especialmente com base na verticalização da rede.
  • Já entre investidores oportunistas, há quem veja a queda como uma porta de entrada (“buy the dip”), enquanto outros alertam para os riscos de uma armadilha de valor (“value trap”), caso a empresa não consiga reverter suas margens.

O Que Observar Agora: Indicadores para Acompanhar

Para investidores que acompanham a Hapvida de perto, alguns pontos merecem atenção:

  • Evolução da sinistralidade nos próximos trimestres: se continuar elevada, pode indicar pressão persistente nas margens.
  • Ocupação e maturação das novas unidades da rede própria: quantos leitos/unidades entraram em operação e qual é a sua taxa de uso.
  • Crescimento da base de beneficiários (líquido): captação de novos clientes versus cancelamentos.
  • Fluxo de caixa livre: se a empresa consegue gerar caixa de forma sustentável após os investimentos crescentes.
  • Recompra de ações: se o programa anunciado se concretiza e se tem impacto real no preço.
  • Eventos regulatórios: mudanças em políticas de ressarcimento ao SUS, provisões judiciais ou diretrizes da ANS podem afetar o modelo.

Conclusão: Chance ou Armadilha?

A queda de quase 40% das ações da Hapvida em reação ao 3T25 é um reflexo claro de que o mercado está mais cauteloso quanto à capacidade da empresa de entregar os resultados esperados.

Por um lado, há uma tese de recuperação sustentada pela verticalização e uso inteligente do capital; por outro, existem riscos operacionais concretos, especialmente se a sinistralidade não for contida ou se os novos ativos demorarem a entregar rentabilidade.

Para investidores com maior tolerância ao risco, pode haver uma oportunidade interessante, especialmente se você acredita na execução da estratégia de longo prazo.

Mas para quem prefere segurança, acompanhar os próximos trimestres será fundamental antes de apostar numa reversão definitiva.

Fontes: Infomoney, Forbes, InvesTalk e Investing.

Leandro Gomes é fundador e CEO do site Extraordinária Renda Online. Além disso, também é fundador de vários sites e canais no YouTube, atuando em vários segmentos e nichos de mercado como empreendedorismo, marketing digital, finanças, tecnologia e gastronomia.

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