Chocolates Pan: Veja Motivos que Causaram a Falência da Fábrica
A falência da tradicional Chocolates Pan marcou o fim de uma era no setor alimentício brasileiro.
Fundada em 1935 e famosa por doces que marcaram gerações — como os icônicos “cigarrinhos de chocolate”, moedas e guarda-chuvinhas —, a empresa foi sinônimo de nostalgia e presença constante em mercearias, festas infantis e lancheiras escolares.
No entanto, após décadas de dificuldades financeiras, gestão ineficiente, dívidas acumuladas e impactos agravados pela pandemia, a empresa teve sua falência decretada oficialmente em 2023.
Em 2025, novas reportagens repercutem o desfecho: a fábrica foi comprada pela Cacau Show por R$ 71 milhões e suas marcas registradas adquiridas por R$ 3,1 milhões, encerrando de vez o ciclo de uma das mais emblemáticas fabricantes de doces do país.
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Origem e crescimento da Fábrica dos Chocolates Pan
A Chocolates Pan, fundada em 1935 por Aldo Aliberti e Osvaldo Falchero, nasceu em São Caetano do Sul com o propósito de produzir chocolates, balas e confeitos que competissem com grandes marcas como a Garoto.
O lançamento foi envolto em marketing ousado — um anúncio anunciava o lançamento de um foguete para a Lua em 12 de dezembro daquele ano, atraindo grande curiosidade e simbolizando o impacto da marca no mercado.
Nos anos seguintes, produtos icônicos como os “cigarrinhos de chocolate” (lançados em 1941), as moedas, lápis e guarda-chuvas de chocolate tornaram‑se sinônimos da infância brasileira.
Em 1976, a fábrica atingiu a produção diária de até 7 toneladas de doces e transformou-se em líder nacional até meados da década de 1980.
Declínio e os primeiros sinais de crise
A partir dos anos 2000, a Chocolates Pan enfrentou dificuldades financeiras. Em 2002 foi protocolado pedido de concordata.
Após o falecimento de Osvaldo Falchero, em 2005, a gestão passou para filhas e genros, mas os processos de expansão — como a abertura de lojas na zona leste de São Paulo e incursão no mercado de sorvetes — não deram resultado. A crise persistiu ao longo dos anos.
Recuperação judicial e autofalência
Em março de 2021, já sob controle do Grupo Brasil Participações, a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial.
Contudo, os impactos da pandemia de COVID‑19 agravaram sua situação.
Em 13 de fevereiro de 2023, a Pan solicitou autofalência, reconhecendo sua incapacidade de saldar uma dívida estimada em cerca de R$ 244 milhões.
A falência foi decretada formalmente em 27 de fevereiro de 2023 pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Leilão dos ativos e destinos da marca e da fábrica
Com a falência decretada, os ativos da Chocolates Pan foram colocados à venda em leilões judiciais:
- Em 15 de setembro de 2023, a fábrica de São Caetano do Sul (terreno de aproximadamente 10.432 m²) foi arrematada pela Cacau Show, por R$ 71 milhões — valor 33% superior ao lance inicial. A homologação ocorreu em 19 de outubro de 2023 .
- Em 4 de março de 2024, outro leilão vendeu as 37 marcas da empresa (nome, produtos, identidade visual), arrematadas pela empresa Real Solar (RN) por R$ 3,1 milhões, após disputa entre 14 participantes.
Legado, lembranças e crítica social
A antiga planta ficava no bairro Santa Paula, cuja rotina era perfumada pelo aroma de chocolate.
Moradores relatam que a Pan distribuía doces nas datas festivas e atraía excursões escolares e turistas à fábrica.
Em fóruns online, alguns ressaltam que o fracasso do leilão se deu também por imagens controversas, como os “cigarros” de chocolate associados ao paladar infantil num contexto tatuado de tabagismo infantil.
Fatores que contribuíram para a falência da Chocolates Pan
- Gestão familiar e transições turbulentas: após a morte de um dos fundadores, as decisões da nova administração não reverteram o declínio.
- Tentativas falhas de expansão e diversificação: abertura de lojas físicas e entrada no ramo de sorvetes sem retorno financeiro.
- Dívidas tributárias elevadas: incluindo mais de R$ 8 milhões à prefeitura, sem adesão a programas de parcelamento.
- Impacto da pandemia de COVID‑19: queda no consumo e interrupção de vendas essencialmente perfumadas ao mercado tradicional.
- Memória negativa da marca: produtos como os cigarrinhos de chocolate vinculados ao tabagismo infantil prejudicaram percepção pública e valor de mercado nos leilõe.
Considerações finais sobre a falência da fábrica de chocolates Pan
A trajetória da Chocolates Pan é um retrato do desafio de manter uma marca tradicional em cenário econômico contemporâneo.
Com quase 90 anos de história, a fábrica simbolizou nostalgia e interações afetivas com uma geração inteira.
Porém, anos de más decisões, dívidas e impactos externos resultaram no pedido de recuperação, seguido de autofalência e decretação oficial em fevereiro de 2023.
Os ativos foram vendidos em leilões judiciais — a fábrica foi adquirida pela Cacau Show, e as marcas pela Real Solar — encerrando um ciclo que, infelizmente, não foi reerguido.
O legado segue vivo na memória afetiva de moradores e consumidores, mas a Chocolates Pan encerrou sua jornada como empresa produtora.
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